A organização da informação sempre se deu como processo intrínseco à produção de conhecimento. E essa possui uma relação direta com a estruturação da informação, atividade essencial para processos de análise de dados, uma vez que o valor destes é inerente ao seu contexto.
O novo paradigma digital escancarou os limites do controle passível de ser exercido e redefiniu as nossas possibilidades nestes âmbitos, de forma que os processos de representação descritiva da informação, até então reservados somente a conteúdos mais complexos (como livros, periódicos científicos, peças de museu), hoje podem ser aplicados para os dados que seriam antes tomados por insignificantes, por um custo baixíssimo e em escalas anteriormente impensáveis, gerando enorme valor analítico e preditivo se propriamente relacionados.
Por mais que a tecnologia tenha permitido que os processos de recuperação tenham se tornado mais poderosos e consigam agora lidar com novas magnitudes de informação, muitas noções estruturais não mudaram. A biblioteconomia como área já estudava a relação entre os usuários e os conteúdos através de pontos de acesso há séculos. Da mesma forma que as operações de uma calculadora são as mesmas que as de um ábaco (porém aplicados através de tecnologias distintas),os princípios para organização de um Data Warehouse são extremamente similares àqueles de um centro de documentação tradicional.
Dessa forma, hoje se discute muito o papel das Ciências da Informação (como biblioteconomia, arquivologia e documentação) em relação à Ciência de Dados. Origens a parte, ambas lidam com objetos muito semelhantes. Uma diferença notável entretanto é que a Ciência da Informação, como uma ciência humana aplicada, parte das necessidades do usuário para pensar nos metadados ao passo de que a Ciência de Dados tem uma abordagem mais técnica, valorizando principalmente as possibilidades de uso das informações distintas. Enquanto o trabalho a ser feito não seja lidar unicamente com informações, mas também com pessoas e como essas podem fazer uso da informação, a Ciência da Informação ainda tem um papel relevante a exercer.
Caio Longo
Formado em Biblioteconomia, Caio é responsável pela área de Metadados da Zeta.