Todos os anos, no mês de outubro, vemos o surgimento dos laços e campanhas cor de rosa. O Outubro Rosa surgiu em 1990 nos Estados Unidos e se tornou um movimento internacional pela conscientização da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama. Este é o câncer mais comum e o mais mortal entre as mulheres em todo mundo e no Brasil. No Brasil, em 2020, o câncer de mama representou quase 30% dos cânceres detectados em mulheres e 16% das mortes por câncer, segundo levantamento do Instituto Nacional do Câncer (INCA). A importância da campanha do Outubro Rosa fica ainda mais evidente quando nos deparamos com o fato de a doença ter 95% de chance de cura quando descoberta logo no início.
Diversas empresas e profissionais de ciência de dados tem ido além da conscientização, dando grandes contribuições para o diagnóstico precoce e mais assertivo do câncer de mama. Um caso de destaque é o da pesquisadora de inteligência artificial no Massachusetts Institute of Technology (MIT), Regina Barzilay que, ao ser diagnosticada com câncer de mama em 2014, ficou chocada com a escassez de dados usados pelos médicos nas tomadas de decisão. A partir de então, passou a dedicar seu trabalho a desenvolver modelos que auxiliassem os médios; ajustou seus protocolos para analisar relatórios médicos de pacientes e desenvolveu novos métodos de deep learning para interpretar imagens diagnósticas. O trabalho ainda está em fase de desenvolvimento e testes clínicos, mas os resultados são extremamente animadores: o diagnóstico dos cânceres poderia ser feito de 1 a 2 anos antes, aumentando significativamente a chance de sobrevivência das pacientes.
Além de diagnósticos precoces, essa evolução reduziria a realização de outros exames exploratórios (punções, biopsias), permitiria aos radiologistas analisar mais exames e dedicar mais tempo aos casos mais críticos, melhorando a qualidade e a assertividade do trabalho. Em um cenário como o brasileiro, onde milhares de mulheres aguardam meses para realização de exames, os benefícios seriam tremendos!
Apesar de haver uma grande disponibilidade de dados históricos, a coleta de informação de pacientes com câncer em tratamento ainda é um desafio, já que os profissionais dependem dos médicos e do próprio paciente para a coleta. Mesmo assim, os projetos vêm avançado a passos largos. De qualquer maneira, continuaremos acompanhando atentamente os resultados e avanços daqueles que adentram este campo, sempre ansiosos para ver a ciência e dados ajudando na qualidade de vida da população!